Vejamos.
É o seu aniversário, aquele dia em que você está (quase) liberado de suas obrigações e começa, logo cedo com os clássicos telefonemas daqueles que estão com preguiça de ir à sua casa lhe cumprimentar pessoalmente.
Aí começam os famosos votos. “Parabéns, cara. Felicidades, sucesso. E aí, vai ter festa pra gente?” Além de um voto, o cara ainda faz um pedido de festa pra você, curioso.
O dia passa, você vai almoçar num lugar aonde nunca foi, mas como é requintado e está na moda, você vai com seus pais por lá. A comida não tem gosto de nada e você só olha pra moça da outra mesa que aparenta ter uns 30 anos, ser divorciada e ter muita coisa pra ensinar. (wtf?)
Você volta pra casa, recebe mais telefonemas. Abre o seu orkut(se não tiver, parabéns) e vê sua página cheia de gente que nunca fala contigo, mas manda aqueeeele parabéns.
No finalzinho da tarde, começam a chegar pessoas em sua casa. Elas vão logo pra cozinha, perguntam onde deixam a cerveja e os refrigerantes. Acorda, porra, é hora da “festa”. Risos.
Terminam de chegar as pessoas, você ganha algumas camisetas, calças, cd’s de bandas que você nem gosta. Se der sorte ganha uma garrafa de whisky pra se embebedar e aguentar o certame. Além, é claro, de ter que escutar aqueles mesmos votos dos telefonemas, recados no orkut e etc. Você agora já agoniza de tédio.
Aquela sua tia gorda que já está se entupindo de salgados ou carne do churrasco, vira pra você com toda a docilidade e dispara a clássica: “Nossa, como você está grande.” Logo antes de dizer: “É a cara do pai.” O fim está próximo, da festa e da sua paciência.
É dada a hora do clímax do evento. Chega aquela torta que compraram na padaria mais próxima, aquela lotada de glacê e escrita: “Parabéns”. Na verdade você não aguenta mais essa palavra. E colocam uma vela, com os números da sua idade, acendem e rodeiam a mesa pra cantar aqueeela musiquinha.
Você fica com o sorriso exatamente dessa maneira:
rs
Como se não bastasse, aquele seu tio bêbado puxa a velha: “Com quem será?”
É o ápice. Você quer pegar aquela espátula de cortar o bolo e degolar todo mundo. Mas respire fundo, porque o pior já passou.
Agora você assopra as suas velas, enchendo o bolo de saliva que vai ser comido por toda a sua família logo depois. União familiar é isso, comer bolo cuspido. (y)
Logo depois, você tem que se despedir de todos. AGRADECENDO por terem ido(que coisa, não?) e falando pra voltarem sempre. Você fecha o portão e vai olhar seus presentinhos. Lembra da garrafa de whisky? Agora é a hora de abrí-la e xingar todo mundo sozinho. Ou de ligar pr’aquela moçoila que é como uma loja de conveniência. Nunca teve variedade demais, mas sempre tá ali quando precisa do básico. Risos.
Cheers, Guilherme.